As incertezas do projeto de vida dos adolescentes

A passagem da infância para a fase adulta, que caracteriza a adolescência, é um momento na vida do jovem de desenvolvimento da personalidade, descobertas, anseios e medos. Dependente da família, econômica e afetivamente, o adolescente, não raramente, é um ser carente de proteção. A insegurança típica da fase é ainda agravada pela falta de amparo dos poderes públicos, pela crise da educação e pela insensibilidade da sociedade.

Para a Organização Internacional do Trabalho, a adolescência compreende a faixa etária dos 15 aos 18 anos. Na prática, porém, a adolescência vai mais além do que esta cronologia. Não há um rito de passagem delimitando início e fim. Há muitos registros de jovens de trinta ou quarenta anos vivendo ainda as características traçadas para a adolescência.

O tema vem sendo pesquisado pela professora Ivany Pinto Nascimento, psicóloga, mestra e doutora em Educação pela PUC-SP, pesquisadora do Centro de Educação da UFPA. Durante o mestrado, ela estudou a adolescência na perspectiva da identidade do jovem e a importância dos pais no processo.

No doutorado, concluído em 2002, o enfoque foi para a construção do projeto de vida do adolescente, com base no conceito de representações sociais, do psicólogo francês Serge Moscovici, que trabalha com os conhecimentos do senso comum que são partilhados pelos grupos e que orientam os pensamentos, os sentimentos e as ações dos mesmos.

A pesquisadora concentrou seus estudos sobre 168 adolescentes de ambos os sexos, matriculados no segundo e terceiro anos do ensino médio em uma escola pública na região central da cidade de São Paulo. Justificou a escolha em função dos estudantes estarem próximos à conclusão do curso, aspecto que, hipoteticamente, exerce pressão sobre os adolescentes quanto às opções e ações que irão empreender na efetivação de seus projetos de vida.

Para Ivany Pinto, o projeto de vida é uma forma de inclusão do adolescente no universo social com vistas ao bem-estar, felicidade e crescente aprimoramento individual ou coletivo. "A tese que levanto mostra que o adolescente tem, sim, um projeto de vida. E que esse projeto vai de encontro às afirmativas do senso comum, que se referem ao jovem como alguém que não pensa na vida, não tem responsabilidade nem objetivos", afirma.

O projeto de vida do adolescente, segundo a pesquisadora, está assentado sobre o tripé família, educação e trabalho. "O adolescente quer uma família, quer educação e quer um trabalho. Mas os jovens ouvidos se mostraram desalentados: disseram que do jeito que a educação está, não vai dar para construir família e nem conseguir trabalho".

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