Com o assassinato
de um jovem por um adolescente, em São Paulo, voltaram a ser discutidas
propostas de redução da maioridade penal ou aumento do tempo máximo de privação
de liberdade de adolescentes infratores.
Numa
demonstração de oportunismo eleitoreiro, o Governador de São Paulo levou a Brasília
a proposta neste sentido, apesar de saber, com toda a certeza, que já existem
cerca de 53 projetos semelhantes no Congresso. Estas medidas que têm o objetivo
de captar um momento de comoção popular já teve outras antecessoras, como a
proposta de proibição de telefone celular pré-pago no país, levada também pelo
Gov. Alckmim a Brasília, em 2002, ou como a proposta, já aprovada pela Câmara
Municipal de São Paulo, de proibição de trânsito de motos com pessoas na garupa.
Divulgamos
alguns excelentes trabalhos que tratam de fazer uma análise crítica, muito
pertinente e muito bem argumentada, do momento de comoção atual, das propostas
e da inadequação deles.
Em 2007 o
UNICEF publicou estudo de conteúdo muito bem fundamentado intitulado “porque
dizer não à redução da idade penal”, com argumentação organizada nos seguintes
blocos: Direito Comparado, Argumentos Sociológicos, Posicionamentos,
Experiências de Sucesso do ECA e Argumentos Jurídicos.
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Um dos maiores acertos de nosso sistema legal é que, pelo
menos em teoria, protegemos os mais jovens – que ainda não completaram um ciclo
de desenvolvimento mínimo, seja físico ou intelectual, a fim de poderem
compreender as consequências de seus atos. Completar 18 anos não é uma coisa
mágica, não significa que as pessoas já estão formadas e prontas para tudo ao
apagarem as 18 velinhas. Mas é uma convenção baseada em alguns fundamentos
biológicos e sociais.
“Maioridade penal aos seis anos, afinal, nessa idade eles já
se vestem sozinhos...”
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A primeira reação de alguns setores da sociedade sempre que
um adolescente comete um crime grave é gritar pela redução da maioridade penal.
Ou quase isso: dificilmente vemos a mesma reação quando a vítima mora na
periferia (nesses casos, a notícia vira apenas uma notinha nas páginas
policiais).
Que tal
nos mobilizarmos para que o Governo invista pesado na prevenção da
criminalidade, como escolas de tempo integral, atividades de lazer e cultura?
Estudos mostram que quanto mais as crianças são inseridas nessas políticas públicas,
menores as chances de serem recrutadas pelo mundo das drogas e pelo crime
organizado.
“Quando o Estado exclui, o crime
inclui”
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A ANDI
apresenta argumentos objetivos e curtos, de redação voltada para jornalistas e
defensores dos direitos das crianças e adolescentes.
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A Fundação
Abrinq lembra que as medidas socioeducativas previstas no SINASE não significam
impunidade, pelo contrário, objetivam a responsabilização, na qual educação e
convivência familiar e comunitária são priorizadas na ressocialização dos
adolescentes autores de ato infracional.
A proposta
manifestada pelo governo do estado de São Paulo opta por punir, com medidas
extremas, jovens que poderiam mudar seu projeto de vida e seu destino, se
fossem apoiados pelo Estado. Tal proposta não é um enfrentamento efetivo da
violência, ao contrário, é uma solução radical e simplista.
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A Folha de São
Paulo traz uma matéria bem simples, pequena, mas de bom conteúdo.
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Num país atingido por fortes desigualdades sociais e de
direitos, as propostas favoráveis à redução da maioridade penal são cúmplices
deste processo de criminalização da pobreza, jogando para o aparelho
carcerário-punitivo os grupos e indivíduos mais vulneráveis psicológica,
social, econômica e culturalmente.
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Muito boa
entrevista com a escritora e jornalista Eliane Brum, na Revista Época:
“Eu acredito na indignação. É dela e do espanto que vêm a
vontade de construir um mundo que faça mais sentido, um em que se possa viver
sem matar ou morrer. Por isso, diante de um assassinato consumado em São Paulo
por um adolescente a três dias de completar 18 anos, minha proposta é de nos
indignarmos bastante. Não para aumentar o rigor da lei para adolescentes, mas
para aumentar nosso rigor ao exigir que a lei seja cumprida pelos governantes
que querem aumentar o rigor da lei.”
“Educa-se também pelo exemplo. Neste caso, governantes e
parlamentares poderiam demonstrar que têm maioridade moral cumprindo e fazendo
cumprir a lei cujo rigor (alguns) querem aumentar...”
Leia mais:
“Redução
da Idade Penal: Vale a “pena” ver de novo ?” de Alexandre Morais da
Rosa e Ana Christina Brito Lopes demonstra que “a redução da idade penal é inviável
tanto por ser um equívoco histórico como por se incompatível com a ordem
constitucional vigente e o princípio da proibição de retrocesso social. É
preciso se dar uma chance de implementação ao Estatuto da Criança e do
Adolescente, ainda incumprido na imensa maioria das comarcas deste país. Sem
esta possibilidade, tudo não passa de um “jogo de cena”, no qual as reais
razões ideológicas da redução são escamoteadas em nome do “bem social
coletivo”. Este discurso gerou os maiores totalitarismos da história.
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