Direitos das Crianças e Adolescentes na Copa 2014


Foi realizado, ontem e hoje, dias 30 e 31/10/2012, o “1º. Seminário Direitos das Crianças e Adolescentes – Circuito da Copa e Objetivos do Milênio” promovido pela Frente de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Minas Gerais conjuntamente com o Fórum DCA do Rio de Janeiro, com o apoio do Instituto Ethos e da AMAS.

Houve a realização de 5 painéis, com intensa participação do público em perguntas e debates com os apresentadores.

Ao final do seminário, ficou a impressão de que o poder público se preocupou com obras físicas na cidade: estádios, grandes avenidas, hotéis, mas, infelizmente, ainda não se mobilizou para o planejamento de ações que visassem à proteção dos direitos das crianças e adolescentes durante os grandes eventos esportivos.

Conforme relatos, a única área a receber atenção foi a do turismo: já estão sendo executadas ações juntos aos agentes de turismo, aos hotéis, aos transportadores, para que eles não apoiem atividades ligadas ao chamado turismo sexual.

Foram apresentadas valiosas observações sociológicas a respeito da dificuldade dos brasileiros das cidades grandes em ocuparem as ruas, praças e demais espaços públicos, fenômeno que tem paralelo com a pouca disposição atual da sociedade civil para participar das políticas públicas.  Foi analisada, também, a disparidade entre investimentos em obras e investimentos sociais, junto com a remoção forçada de moradores das áreas próximas às grandes obras. Uma queixa relevante foi a de que o poder executivo tanto estadual quando municipal não oferece a transparência necessária para se conhecer as ações executadas ou planejadas para a ocasião dos mega eventos.

Na área educacional temos apenas o dispositivo legal federal que manda suspender as aulas durante todo o período da Copa, sem qualquer preocupação quanto ao abandono em que ficarão as crianças e adolescentes durante todo um mês. Atividades de recreação, jogos, competições olímpicas, estudos de diferenças culturais entre países e toda uma imensa possibilidade de enriquecimento educacional ainda não foi pensada.

Na área da Defesa Social foi citada a intenção de reforçar a segurança por meio da articulação entre as polícias militar, civil e exército e instalação de mais câmeras pela cidade de forma a monitorar os espaços de grande circulação de pessoas. Avaliamos que ainda há necessidade de planejamento de ações específicas na prevenção e repressão às ameaças previsíveis às crianças e adolescentes, por exemplo: exploração e violência sexual, trabalho infantil, trabalho nas ruas e em condições insalubres e perigosas, agilidade nas ações da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente e Delegacia da Mulher.

Ainda na área de competência do Estado de Minas, nenhuma notícia sobre a instalação da Vara Especializada em crimes contra a criança e o adolescente, já prevista em lei, nem sobre a “cadeia de custódia” do material genético da vítima, termo jurídico que significa coletar e resguardar a prova, procedimento essencial para viabilizar o protocolo de humanização do atendimento às vítimas de violência sexual.

Também nada sobre recursos para os Conselhos Tutelares dinamizarem seu atendimento durante os megaeventos: com plantões, criação de mais conselhos tutelares no município, etc.

Um produto importante do evento foi a possibilidade da Presidente do CMDCA de B.Hte participar do Comitê Executivo Municipal da Copa, solicitação esta apresentada à Coordenadora e em princípio, bem aceita.

Foi apresentado um relatório muito consistente, chamado: Megaeventos e violações dos direitos humanos no Brasil (Dossiê da Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa) envolvendo os aspectos de: Moradia, Trabalho, Informação, Participação e Representação Popular, Meio Ambiente, Acesso a serviços e bens públicos, Mobilidade e Segurança Pública, disponível em:

A apresentação de três vídeos causou impacto muito grande na audiência:

http://youtu.be/kuCYJ-zIF90 - Após dois anos África do Sul ainda paga conta dos Estádios. 4:24mim



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